Desenhos

28.2.07

27.2.07


22.2.07














21.2.07

Álvaro de Campos

Não sei. Falta-me um sentido, um tato
para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história,
ou qualquer fato?

Estou só, só como ninguém ainda esteve,
oco dentro de mim, sem depois nem antes.
Parece que passam sem ver-me os instantes,
mas passam sem que o seu passo seja leve.

Começo a ler, mas cansa-me o que inda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
é tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.

Tenho uma grande constipação,
e toda a gente sabe como as grandes constipações
alteram todo o sistema do universo,
zangam-nos contra a vida,
e fazem espirrar até a metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excuez un peu...Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.

14.2.07

Medo da solidão

A boca seca segurando as palavras que jamais saberei quais serão,traz pequenas dores que rasgam a carne na impossibilidade de resgata-las.

Tantos rostos nas lembranças perdidas, como pode haver tanta dor?

Todo mal que fizemos volta a nos assombrar e a consciência culpada nos impulsiona, em rodopios fabulosos e desconcertantes que não nos permitem descansar em um passado tranqüilo e nos aniquila as certezas do futuro