Desenhos

13.6.09

Sem Título

Quinta-feira! Dia pouco provável...
Olhou o relógio as sete e trinta e sete da manhã.
O cheiro na verdade era o que mais o despertava. Café.
A agitação da casa e as portas batendo só davam a ele mais sono.

Impossível!

Isso já não voltaria. Não havia mais o cheiro e nem o barulho dos seus.
O que se passou em todo esse tempo?
Onde esteve escondido aquele que despertava nele em uma aurora já vencida?
Saudade dos passos leves, saudade das mãos nervosas
e da comunhão de manhãs e quartos tão coletivos.

Na cabeceira da mesa o chefe, o pai,
mistura de um tempo e costumes já passados
com um coração de tempos ainda não chegados e o
carinho velado de um anjo que nem se percebia como anjo, a mãe,
enchiam o seu peito de segurança.
Ao lado companheiros de aventuras o faziam sorrir.

Hoje acordava sem cheiro,
sem chefe, sem anjo, sem companheiros.
Às sete e trinta e sete acordava seco até para chorar,
brigava apenas para que essas manchas de lembranças,
que ainda chegavam não fossem embora,
para não deserdar da última gota de verdade que ainda respirava.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tocante. Consegui visualizar cada instante através dos versos.
Parabéns pelas palavras.
Espero que os relógios marquem as horas com ponteiros de armonia.